quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Devaneios sobre a preguiça de pensar

“Avisos” iniciais.


Curioso, esse é o motivo de criação deste blog, em cada papo pseudofilosófico meu com outras pessoas, eu vejo a dificuldade que as pessoas têm em aceitar pensar, são de uma preguiça sem par, o que me obriga a quase endeusar meus amigos que estão dispostos a falar de qualquer coisa que exija algum pensamento e que não tenha respostas automáticas, eu poderia citar alguns nomes, mas sou esquecido e fatalmente seria assassinado pelos esquecidos.

Lembrando também que obviamente sempre que eu me referir “à população” ou “à sociedade” resguardo o direito de qualquer um reclamar para si o direito de ser chamado de “exceção à regra”, mas não quer dizer que de fato é, apenas que pode ser.

Ao assunto.


Sinto que fui criado para agir, não para pensar, pelo menos foi assim que a escola e a “vida” me criaram, graças ao Bom Deus, meus pais não me criaram assim, não vou dizer que me incentivavam a debater sobre o porquê de eu ter hora pra chegar a casa, mas nunca me limaram do direito de tentar ser um ser pensante, sempre fiquei muito frustrado, do começo da infância à vida adulta (meio estranho, não me sinto um “adulto”).


Eu como político de esquerda diria que “é culpa do sistema” hahaha, mas títulos a parte, é fato, crianças que pensam são o terror dos adultos, primeiro porque temos a cultura de educar-lhes na mentira, com esses papos de Papai Noel, Coelhos Ovíparos, etc., depois com uma tentativa de proteger a inocência (riscar e por ingenuidade) deles, mas quem nunca ficou sem palavras e provavelmente reagiu mal ao ser questionado sobre qualquer coisa, por um ser de 50 cm e menos de uma década de vida?


Muita gente fica ofendida com isso, se colocam como superiores e que “uma criança não pode questionar um adulto” e essa é a primeira represália opressora que uma criança recebe, e começamos a construir nossa nova geração de seres guiados pelo “senso comum”, que agem muito bem, prontamente e até eficientemente, e outros “mente” que eu não quero citar, mas que não pensam no que fazem, fazem por fazer, fazem por costume, e quando questionados dizem que “fazem, porque é assim que tem que ser”, mas não sabem responder por que é assim que tem que ser, apenas sabe repetir “por que é assim e pronto”, mas voltemos ao final da infância.


É na infância que começa a fase dos porquês, a fase mais bonita do entendimento humano na minha opinião, toda hora aquele pentelho quer saber, porque o céu é azul, por que o cachorro morde, por que a mamãe fica gritando quando ta no quarto com o papai, por que o visinho tava beijando outro visinho na boca (Ou), por que o gato mia e assim por diante, o triste é que, para as pessoas essa fase passa, e quando vemos uma criança nessa fase, achamos até graça e olhamos com a compaixão que se olha pra um ser inferior, mas que amamos “ah tadinho, olha pra ele, tão bonitinho com esse monte de porquês”, posteriormente vem a fase do “aaaai fulaninho chega, tudo quer saber por que!” e aí o fulaninho aprende que está errado querer saber o motivo de todas as coisas, mas... bem... quem disse que ta errado mesmo? Ora, o que há de errado em um ser saber por que o céu é azul, porque um cachorro late, porque o visinho prefere meninos do que meninas e mais um monte de coisas que não sabemos, ninguém soube me responder o que há de errado em saber disso, por que não há, o erro está em ser diferente, em não ter preguiça de pensar, já dizia Frank Aguiar “a loira não é burra, tem preguiça de pensar”, no caso é verdade, mas não é papo de loira, é papo de Sociedade Brasileira, mas vou me conter aqui, porque tenho mais coisas pra citar até começar as discussões de fato.


Na adolescência (depois da fase da rebeldia sem sentido) especialmente quem estuda em escola pública continua a ter o pensamento limado, lembro que certa vez fui “citado” (como ser fichado na delegacia) na escola pela diretora que ficou ofendidíssima pq eu, um aluninho de primeiro ano ousou perguntar-lhe porque a política da escola não permitia que alunos ficassem abraçados (e não to falando de putaria e pegação dentro da escola não, estou falando de abraçados mesmo), infelizmente essa é a minha primeira memória de como tentaram me levar a não pensar e não questionar qualquer coisa que me fosse apresentada.


Posteriormente, depois de nunca compreender porque era levado (na verdade só tentavam, não conseguiram (acho)) a não pensar, já na vida adulta, em um curso para jovens bartenders, quase enfartei quando alguém me disse “não pensa faz (sic)”, (alguns segundos parado olhando pro texto, tentando não digitar “aos berros” falando palavras feias), como assim, alguém lhe diz para não pensar, estamos todos doentes de pensar e o repouso intelectual é a cura?


Bom queridos (mentira, não gosto de vocês, kkkk), esse breve (?) prólogo serviu para começarmos a falar de como nossa sociedade é preguiçosa intelectualmente, há uns anos li a play boy (sim gente, eu LI mesmo, de verdade, juro) de uma loira gostosa que já não me lembro qual e quando perguntada sobre que livros gostava, ela disse “prefiro filmes”, claro porra, um filme dura duas horas, no máximo três, um livro, bom, vai depender de quão bem você lê, e não estou fazendo campanha hipócrita “vamos ler mais livros gente” só comentei pra citar como as pessoas são preguiçosas, outro dia chegando em casa, vi uma vizinha no portão, daquelas que você tem certeza que tem preguiça de pensar, ela estava no portão lendo “crepúsculo”, olhei pro livro e ri, afinal, eu tinha certeza de que ela nunca havia lido um livro anteriormente, e pelo menos pra alguma coisa esse filme chato serviu, hahaha, pode soar preconceituoso, mas depois vim a ter certeza do que eu supunha, era seu primeiro livro.


O pior de toda essa conclusão que anormal somos nós (não vc e eu, mas eu, e as outras pessoas que arrogam para si o adjetivo de “pensante”), os seres que desejam saber o motivo pelo qual alguma coisa é pura e simplesmente pelo prazer de ter conhecimento.


Penso que essa preguiça se dá pela cultura pragmática que temos hoje, como perguntaram (e eu fiquei curioso pela resposta) a um amigo (David Borges – Biólogo e Filósofo) “pra que serve estudar a filosofia hoje, afinal, isso não dá dinheiro!?” e sendo assim, não há porque pensar em algo que não te dará um retorno imediato, pensar não é como fazer um curso que vai te capacitar a ter um bom emprego, pensar nas coisas e buscar as respostas, está mais para um investimento de longuíssimo prazo que, o que acrescenta na sua vida, vem de forma tão disfarçada que você não percebe, saber sobre sociologia ajuda no emprego, mas ninguém vai lhe dizer (ou vai né...) “fulano, vc foi promovido ao cargo de diretor de RH por mostrar que entende de sociologia” (não vou gastar mais texto falando sobre como uma coisa influência na outra), então, por não dar um retorno imediato e claro somado a preguiça as pessoas passam a dizer (pq se fosse pensar, estariam pensando e elas não fazem isso), “porque devo aprender sobre isso”, quando na minha opinião deveriam dizer “porque não devo aprender sobre isso”.


E assim gerações são construídas, baseadas no conceito de Cypher (“a ignorância é uma dádiva”), somos desde criancinhas ensinados a não pensar, a agir, a executar, a gerar lucro, e quem ta parado pensando EM TESE não o faz, e será sempre assim, uma cultura de massa só pode gerar isso mesmo, apesar de vaidoso, não reclamo a mim o título de primeiro denunciador disso, Zé Ramalho e Pitty já cantaram isso, livros foram escritos, livros foram feitos, e não serei eu que abrirei essas coisas que usam pra enxergar e chamam de olhos, mas eu respeito o direito de ser ignorante, todos o têm, o problema é que não respeitam o direito de não ser, quando se tenta não ser ignorante, quando se tenta saber por que se está fazendo essa ou aquela atitude, logo se é limado, criticado, satirizado, ora meu povo, vamos acordar, tudo bem que não querem pensar, mas não podem seus filhos, respondam as crianças, fiquem orgulhosos quando seus filhos quiserem saber o motivo das coisas, fiquem felizes quando os professores deles te chamarem na escola para reclamar dos “questionamentos anarquistas” deles, fiquem felizes, seus filhos pensam (mas analisem primeiro, isto é, se não ficarem com preguiça).


As reclamações virão, mas seres pensantes fiquem felizes, quando você debate com uma “autoridade” e ela apela pra sua prerrogativa de poder para fazer valer sua opinião, é sinal de que você questionou o irrespondível, você perguntou algo que ela não sabe, ou não quer que você saiba, e sempre que te mandarem calar e parar de perguntar, é por que não lhe tem resposta para dar, ou se tem não querem que você seja igualmente entendido (ui) sobre o assunto.

Ponderações sobre meu próprio texto (alguém faz isso?)


Como notaram, tenho imensa dificuldade em ser breve, e fiquei meio decepcionado comigo mesmo por não ter argumentado perfeitamente na postagem anterior a essa (por preguiça mesmo), talvez aqui eu tenha argumentado em excesso e sido repetitivo, mas postar em blog não é necessariamente fácil, e rapidinho eu “calibro” os dedos e acerto a medida certa de palavras na coluna.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Devaneios sobre decisões alheias sobre a minha informação

Bom, depois de muito esforço estou aqui pra postar novamente, eu não achei que fosse tão difícil alinhar as ideias para postar, geralmente via oral fluem mais facilmente, quando tinha ideias fervilhando não tinha tempo, e a recíproca obviamente é verdadeira.

Hoje estava lendo o jornal sentado no trem (sim eu ando de trem) e lembrei de um artigo de um filósofo, justamente pelo que o jornal me apresentou.

Eu queria ter podido bater um papo com um bom jornalista antes, mas nessa sociedade onde vendemos nosso tempo (vida), como forma de viver (?!), não tive tempo, mas vamos aos devaneios, afinal são eles o motivo do blog, e são eles que me deixam com (mais) cara de bobo quando estou viajando a caminho do trabalho.

Há um tempo, estava pensando sobre o que é noticiado, e antes que pensem, não sofro de "síndrome da mania de conspiração", mas quando vc compra um jornal, ou decide assistir um telejornal vc dá automaticamente e talvez inconscientemente o direito e o dever ao jornalista de decidir o que é importante pra você saber ou não, cheguei a essa conclusão pq já estava estafado de ver tanta violência na televisão, todos os dias mortos beirando as dezenas e já não aguentava mais ver aquilo, mas por outro lado pensei, "essa é a realidade, e ao ver um jornal é isso que quero ver" e me conformei, afinal, os jornalistas, salvo exceções, tem o costume de se porem como escravos da notícia, do tipo "aconteceu eu noticiei, não tenho culpa ou responsabilidade sobre ela", ora, que se noticie a verdade, mas qual o critério que eles usam pra definir o que eu devo ou não saber?

Quando o lamentável caso Nardoni aconteceu, eu já não aguentava ver televisão, só se falava disso, e quanto mais se falava mais era falado, em uma entrevista alguém disse que "quanto mais Isabela noticiamos, mais as pessoas querem saber da Isabela" e é verdade, oras, como eu poderia querer saber de ETs invadindo a Terra se eu não sabia? Fica obviamente um ciclo vicioso, quanto mais notícias trágicas me dão, mais interesse eu terei, afinal, é tudo que eu sei, e não aceito que digam que "é a verdade, infelizmente o mundo é assim", tem pessoas sendo felizes todo dia, tem projetos políticos funcionando (sim gente, to falando sério! rs), tem outros moradores de rua saindo dessa situação deplorável, mas não se noticia, e não se noticiará, a imprensa é feita por empresas particulares e os mesmo vendem seu produto, quanto mais vendem, mais querem vender, e a pauta cai finalmente naquela obviedade, vc abre aquele jornal "Meia Hora", se dá sempre a mesma coisa, sempre o mesmo tipo de notícia, notícias sem conteúdo, sem profundidade, colocam uma mulher com as pernas abertas e um fio dental enfiado na bunda (que eu gosto de ver oras, sou homem hétero, mas não deixa de ser desmoralizante), e por fim depois de ler aquela coisa, vc percebe o que o jornal pensa de vc, do seu QI e da sua vivência e cultura. Vou me conter em comentar só sobre esse jornal, mas todos são assim, com a pauta que é uma obviedade sem par.

Além da parte de decidirem por nós tem a parte de decidirem com que profundidade devemos saber, eu explico. Eu não questiono a legitimidade de decidirem por nós, e sim a leviandade que o decidem, pensem, o redator de um grande jornal decide por quantas pessoas o que é noticiado, e quanto tempo ele leva refletindo sobre cada notícia? Então acaba-se decidindo no “automático”. Mas voltando, sobre a intensidade, há jornalistas que não se contentam em comunicar que houve um assassinato , precisam postar fotos em multi ângulos, há uns meses aquele rapaz que sequestrou uma mulher com uma granada e foi baleado com precisão na cabeça por um atirador de elite. Pergunto, apesar da curiosidade era realmente necessário mostrar a cabeça dele sendo atravessada pelo projétil? O Wagner Montes foi criticado por não mostrar, enquanto ele falava do assunto e noticiava mas não mostrou a cena ápice por uma atitude ética (eu considero ética outros acham que foi demagogia), outros telejornais mostravam na hora do almoço a imagem, e asseguraram assim suas audiências, que é o que importam no final.

Bom, como quem critica deve ao menos apontar o caminho pra solução lá vem ele, os jornais nem os jornalistas vão mudar por si só, os jornais estão aí vendendo seu produtos há uma demanda por ele, há vários tipos de jornais para atender as várias demandas, é uma relação de comércio, sempre venderão enquanto houver compradores, então cabe a nós mesmo passarmos a olhar com mais críticas com as notícias que recebemos, críticas essas maiores do que sobre a veracidade da mesma, e sim sobre o motivo pelo qual ela nos está sendo mostradas. Pq sinceramente, vida de gado não é uma coisa necessariamente digna.

sábado, 21 de novembro de 2009

Carta de Intenção

Como primeira postagem, tentarei ser breve (o que é difícil).
Este blog é criado como forma de expressar minha opinião sobre assuntos variados, papos que eu tenho com amigos inteligentes, e frutos dos meus devaneios pessoais, que geralmente são particulares, mas que decidi dividir com vcs mortais que lerão este blog.
No fim das contas, só quero falar e quero que vcs leiam, exatamente nesta ordem de importância. rs