quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Devaneios sobre decisões alheias sobre a minha informação

Bom, depois de muito esforço estou aqui pra postar novamente, eu não achei que fosse tão difícil alinhar as ideias para postar, geralmente via oral fluem mais facilmente, quando tinha ideias fervilhando não tinha tempo, e a recíproca obviamente é verdadeira.

Hoje estava lendo o jornal sentado no trem (sim eu ando de trem) e lembrei de um artigo de um filósofo, justamente pelo que o jornal me apresentou.

Eu queria ter podido bater um papo com um bom jornalista antes, mas nessa sociedade onde vendemos nosso tempo (vida), como forma de viver (?!), não tive tempo, mas vamos aos devaneios, afinal são eles o motivo do blog, e são eles que me deixam com (mais) cara de bobo quando estou viajando a caminho do trabalho.

Há um tempo, estava pensando sobre o que é noticiado, e antes que pensem, não sofro de "síndrome da mania de conspiração", mas quando vc compra um jornal, ou decide assistir um telejornal vc dá automaticamente e talvez inconscientemente o direito e o dever ao jornalista de decidir o que é importante pra você saber ou não, cheguei a essa conclusão pq já estava estafado de ver tanta violência na televisão, todos os dias mortos beirando as dezenas e já não aguentava mais ver aquilo, mas por outro lado pensei, "essa é a realidade, e ao ver um jornal é isso que quero ver" e me conformei, afinal, os jornalistas, salvo exceções, tem o costume de se porem como escravos da notícia, do tipo "aconteceu eu noticiei, não tenho culpa ou responsabilidade sobre ela", ora, que se noticie a verdade, mas qual o critério que eles usam pra definir o que eu devo ou não saber?

Quando o lamentável caso Nardoni aconteceu, eu já não aguentava ver televisão, só se falava disso, e quanto mais se falava mais era falado, em uma entrevista alguém disse que "quanto mais Isabela noticiamos, mais as pessoas querem saber da Isabela" e é verdade, oras, como eu poderia querer saber de ETs invadindo a Terra se eu não sabia? Fica obviamente um ciclo vicioso, quanto mais notícias trágicas me dão, mais interesse eu terei, afinal, é tudo que eu sei, e não aceito que digam que "é a verdade, infelizmente o mundo é assim", tem pessoas sendo felizes todo dia, tem projetos políticos funcionando (sim gente, to falando sério! rs), tem outros moradores de rua saindo dessa situação deplorável, mas não se noticia, e não se noticiará, a imprensa é feita por empresas particulares e os mesmo vendem seu produto, quanto mais vendem, mais querem vender, e a pauta cai finalmente naquela obviedade, vc abre aquele jornal "Meia Hora", se dá sempre a mesma coisa, sempre o mesmo tipo de notícia, notícias sem conteúdo, sem profundidade, colocam uma mulher com as pernas abertas e um fio dental enfiado na bunda (que eu gosto de ver oras, sou homem hétero, mas não deixa de ser desmoralizante), e por fim depois de ler aquela coisa, vc percebe o que o jornal pensa de vc, do seu QI e da sua vivência e cultura. Vou me conter em comentar só sobre esse jornal, mas todos são assim, com a pauta que é uma obviedade sem par.

Além da parte de decidirem por nós tem a parte de decidirem com que profundidade devemos saber, eu explico. Eu não questiono a legitimidade de decidirem por nós, e sim a leviandade que o decidem, pensem, o redator de um grande jornal decide por quantas pessoas o que é noticiado, e quanto tempo ele leva refletindo sobre cada notícia? Então acaba-se decidindo no “automático”. Mas voltando, sobre a intensidade, há jornalistas que não se contentam em comunicar que houve um assassinato , precisam postar fotos em multi ângulos, há uns meses aquele rapaz que sequestrou uma mulher com uma granada e foi baleado com precisão na cabeça por um atirador de elite. Pergunto, apesar da curiosidade era realmente necessário mostrar a cabeça dele sendo atravessada pelo projétil? O Wagner Montes foi criticado por não mostrar, enquanto ele falava do assunto e noticiava mas não mostrou a cena ápice por uma atitude ética (eu considero ética outros acham que foi demagogia), outros telejornais mostravam na hora do almoço a imagem, e asseguraram assim suas audiências, que é o que importam no final.

Bom, como quem critica deve ao menos apontar o caminho pra solução lá vem ele, os jornais nem os jornalistas vão mudar por si só, os jornais estão aí vendendo seu produtos há uma demanda por ele, há vários tipos de jornais para atender as várias demandas, é uma relação de comércio, sempre venderão enquanto houver compradores, então cabe a nós mesmo passarmos a olhar com mais críticas com as notícias que recebemos, críticas essas maiores do que sobre a veracidade da mesma, e sim sobre o motivo pelo qual ela nos está sendo mostradas. Pq sinceramente, vida de gado não é uma coisa necessariamente digna.

4 comentários:

  1. é Verdade, e isso não é só no jornalismo não!
    todo canal que você olha tem esses reality show's de pessoas que ficam trancadas sem fazer nada e não nos passam nada de relevante.
    e cada dia aparece um programa desse tipo, isso por qe existe verdaderamente um grande numero de pessoas que assistem!
    mais isso esta ai por qe nós deixamos, se procurarmos bem vamos achar programas ou até outras coisas que possam nos trazer algo ...

    ResponderExcluir
  2. não podemos esquecer a concorrência entre os jornais também, as pessoas querem saber mais e mais e aquele que trouxer alguma informação diferente dos outros jornais ganha mais, e com isso vem a invasão de privacidade e desrespeito com as pessoas que sofrem.

    ResponderExcluir
  3. Adorei o artigo...Muito bom mesmo! Mas essa história da mercantilização do tempo me é muito familiar... Andou lendo meus trabalhos da faculdade? rs... vida = tempo = mercadoria = $ = sobrevida...

    Excelente iniciativa! Parabéns! Ah! Não estou mais no "cabrittando"... agora tenho minha coluna virtual própria: http://thiagolyra.wordpress.com/

    ResponderExcluir
  4. Td bem, créditos sobre a parte de "vender o tempo (vida), para viver mais (?!)" a Thiago Lyra. Devanearei sobre isso posteriormente. ^^

    ResponderExcluir